quinta-feira, 12 de setembro de 2013

I  (ponto de partida e partida)

Na mansuetude, meu coração
é paz. É paz-fria, na guerra ao casto.
A minha pele esfria.
Eu me abraço.

Sozinho eu navego
meu Nilo. Meus sagrados.
Mas meu Nilo deságua no deserto.
Resto dentro de um cacto;
areias, areias, o êxodo. O sol vermelho.
Meu pagão, é padre.
E nos teus lábios, cabem
A Nova Era.

A Arte renovada. Nos teus lábios ardem
essa espera.

É por ausentar-me do firme timbre,
dos passos. Sacros.
Por rezar de punho armado de flores.
Que outorgo a dor às músicas.
Mereço menos.
Elevo o beijo das núpcias
e não os tremo.
Sangro céus inteiros,
consolo infernos.
E nos teus braços, vejo
A Nova Era.

Intento.

Um pé de noites.
Uma perna celeste. E estrelas
feito terras férteis.
A minha sorte é nobre.
Mas sem amados.
Cem mulheres.
Um pedido faço, por esmeros.
Tenho da cor, o pálido.
Da corrida, o rastro.
O caminho são essas arestas
do deserto.
E no teu destino, faço
A Nova Era.

Volta. Sinto falta das colheitas.
Assim te espero. Sereno.

Por que me abandonas?
Por que me segues?
Tenho peste. Sou hecatombe.
A cólera é meu rosto.
Meu porte. Meu homem.
Por que não me deixas solitário?
Tenho sândalo. Sou safra.
A colheita é meu legado.
Minha luz. Minha alma.
E na tua saudade, abro
A Nova Era.

Meu pagão reza.
Meu padre te deseja.
Visto minha força indelével
e venço o exílio no proclamado deserto,
sem tua vida.
Tuas visões me aproximam
de Deus e deliro a água pro vinho.
A lira.
Teus lírios.
No teu corpo finda os infinitos.
A água que te escorre diáfana, corre,
lava, irradia A Nova Era.

II (o fim)

Na mansuetude, minha voz te fala
menos de nós.
Acalmo-te a alma
e deito-me na luz de nossas lembranças.

Hoje já só desespero a Esperança,
- sóbria e santa -
e não te quero o mesmo.
Nem cândido,
nem violento.
Saudável ou enfermo,
até que a vida nos amarre.
Quero o teu vento.

Teu espírito é feito de Eras,
e como a Nova,
tu inventaste a derrota
para a nova vida,
viver teu enterro.

E assim te leio
letras, até a última pilha da lanterna.

Até que somes no escuro.
Tudo. E não voltarás,
continuarás teu rumo,
distante do meu colo,
e propósitos escusos
de amores terrenos.
Estás longe.
Estás vivendo.

III (enfim)


Tem FORÇA a vida.

Na intimidade que
,
azeda
,
é bebida
lentamente.
E sabemos do azedume
no comprimir
das sobrancelhas.
No gole
da surpresa
que é a vida.

É próximo
,
íntimo
,
dos homens,
aquele que sabe a morte dos ontens.
Sabe a FORCA
.
A harmonia
A fibra
A vitalidade

A Arte.
Somente a forca usada mata.
Quando toda força é anemia.

Ela nos entrevia ainda pequenos,
a Força,
e contaminava com suas loucuras
de brutalidade
nossos primeiros
dias.

IV

Dá-nos o TEMPO para ter paciência,
se precisos ou inexatos.
Começos,
descompasso à descompasso
.

Dá-nos inexperiência
à cada vez que sentimos viver errado.
E que sejamos desamados
se divinos
.

Dê-nos atos,
falhos ou não.
E mistérios porque quero
morrer inquérito,
pequeno e seguro da minha interrogativa.

A renúncia da morte
.
A fome
de homens
em serenatas.

Homens libertos
dos relógios de prata
que marcam o tempo e desmarcam as nossas páginas.

Homens da prata libertos.
E relógios libertos do tempo,
folheando as nossas páginas.

Sendo todas elas,
sendo todas as nossas multidões
e idades
.

Movidos sob eternidade.

Com pontuação sendo alguns dos nossos versos.

V (estar presente para o mundo)

E não ser alguém pulsante;
incorpóreo;
a inexistência
em brevidades eternas,
e essas sutilezas;

De estar sendo
despido
para que o frio
lembre-nos do corpo reticencioso.

Pequenino à vista.
Desinfinito.

VI

Na pele um perfume
um cartão
um preço.
Estou presente e descrito endereço.
E ansioso
E paciência feito um relógio de gozos,
de anos.
Que eu seja a surpresa nos seus olhos tantos
que me ganham.
Essas mãos que me abrem em tantos.
Sou grandioso sem tamanho.

Assim, embrulho-me futuro.
De mim para o mundo.
Presente.

quarta-feira, 22 de dezembro de 2010

Sua permanência no meu universo

Tenho vivido como se fossemos uma praia deserta.
E tu fosses a carta. Corpo de esperas.
Eu cativeiro, na janela tu fosses o vento.
E a vida fosse um mar firmamento.
Sobre ele o teu pé: a tua eternidade é o teu segredo.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Da veemencia do toque

Mãos dadas por vocação da vontade.
Rios de mártir num solo de Vênus.
Homens que a arte guardou nuns desenhos.

E entregues, retocadas, virassem passe,
retocadas, as mãos,
vos acariciasse.